Redes Sociais na Infância: Orientar é Melhor que Proibir

Infantia Online Redes Sociais na Infância: Orientar é Melhor que Proibir

Redes sociais fazem parte do cotidiano de milhões de crianças e adolescentes ao redor do mundo. Seja para assistir vídeos, interagir com amigos ou expressar opiniões, o ambiente digital oferece oportunidades, mas também riscos significativos. Diante disso, muitos pais se perguntam: devo permitir ou proibir? A resposta mais eficaz pode estar no caminho do meio — orientação, diálogo e acompanhamento ativo são mais potentes que a proibição absoluta.


Entender Para Guiar: O Papel da Mediação Parental

As redes sociais não foram desenhadas para o público infantil, mas o acesso ocorre de forma cada vez mais precoce. Nesse cenário, o papel dos pais não é apenas supervisionar, mas compreender os códigos, linguagens e práticas desses espaços para poder orientar com segurança.

Soldatova & Rasskazova (2016) explicam que a mediação ativa — baseada no diálogo e na construção de confiança — é a forma mais eficaz de prevenir riscos como o contato com estranhos ou exposição a conteúdos impróprios.

Boa prática: Antes de dizer “não”, peça ao seu filho que mostre o que gosta em determinada rede. Use isso como ponto de partida para uma conversa sobre limites e cuidados.


Privacidade e Exposição: Ensinar o Que Compartilhar

Crianças e adolescentes ainda estão formando sua identidade e, muitas vezes, não compreendem as implicações de suas postagens. Ensinar desde cedo o que deve ou não ser compartilhado é fundamental para garantir a segurança e evitar consequências emocionais e sociais.

Dedkova & Mýlek (2023) apontam que a percepção de risco dos pais influencia diretamente a forma como os filhos usam as redes. Quando os adultos conversam abertamente sobre privacidade e reputação digital, os jovens se tornam mais cuidadosos em suas interações online.

Boa prática: Crie junto com seu filho uma “lista de checagem digital” para revisar antes de postar: “Isso é seguro? Isso pode me prejudicar? Alguém pode se sentir ofendido?”


Formação da Identidade: Redes Como Espaço de Construção

As redes sociais não são apenas vitrines — são também espelhos. Crianças e adolescentes usam esses espaços para testar opiniões, construir autoestima e buscar pertencimento. Guiar esse processo com escuta e acolhimento é essencial para evitar que a identidade online se torne dependente de curtidas ou validações externas.

Greyson et al. (2023) mostram como a mediação parental influencia diretamente a forma como adolescentes constroem sua presença digital e percebem os riscos envolvidos nesse processo.

Boa prática: Ajude seu filho a pensar sobre quem ele quer ser online — e não apenas o que quer mostrar. Converse sobre autenticidade e autoestima além das telas.


Prevenção de Riscos: Muito Além do Controle Técnico

Ferramentas de bloqueio e filtros são úteis, mas insuficientes sozinhas. A prevenção real de riscos como cyberbullying, aliciamento e exposição precoce vem da presença afetiva e da construção de uma relação de confiança, onde o filho se sente seguro para pedir ajuda quando necessário.

Sevilla-Fernández et al. (2025) reforçam que a combinação entre informação, empatia e vigilância ativa reduz significativamente os riscos associados ao uso de redes sociais por crianças.

Boa prática: Combine um “canal de confiança”: se algo estranho acontecer online, seu filho pode relatar a você sem medo de punição automática.


Equilíbrio e Bem-Estar: Redes Com Moderação

O uso saudável das redes exige equilíbrio com outras dimensões da vida infantil: brincar, dormir bem, interagir presencialmente e ter tempo livre de estímulos digitais. O excesso de exposição pode afetar o humor, o sono e até a saúde física.

Livingstone, Ólafsson & Helsper (2017) afirmam que o desenvolvimento de competências digitais, aliado a limites bem definidos, permite que crianças aproveitem as oportunidades da internet sem serem consumidas por seus riscos.

Boa prática: Estabeleça horários específicos para o uso das redes — e também momentos do dia 100% livres de telas, como refeições e a hora de dormir.


Conclusão

Proibir o uso de redes sociais pode parecer o caminho mais fácil, mas não é o mais eficaz. Em vez disso, orientar com diálogo, empatia e presença ativa ajuda as crianças a desenvolverem responsabilidade, consciência e senso crítico digital. Quando pais e responsáveis se tornam aliados nesse processo, constroem um ambiente de confiança onde o mundo online deixa de ser uma ameaça e passa a ser mais um campo de aprendizado.

Porque, no fim, educar para o digital é preparar para a vida — dentro e fora das telas.


Referências (ABNT2)

SOLDATOVA, G. U.; RASSKAZOVA, E. I. Adolescent safety on the internet: Risks, coping with problems and parental mediation. Journal of Children and Media, 2016. Disponível em: https://app.scholarai.io/paper?paper_id=DOI:10.1080/10609393.2016.1214492. Acesso em: 14 abr. 2025.

DEDKOVA, L.; MÝLEK, V. Parental mediation of online interactions and its relation to adolescents’ contacts with new people online: The role of risk perception. Information, Communication & Society, 2023. Disponível em: https://app.scholarai.io/paper?paper_id=DOI:10.1080/1369118X.2022.2146985. Acesso em: 14 abr. 2025.

GREYSON, D. et al. Social media and online safety practices of young parents. Journal of Information Science, 2023. Disponível em: https://app.scholarai.io/paper?paper_id=DOI:10.1177/01655515211053808. Acesso em: 14 abr. 2025.

SEVILLA-FERNÁNDEZ, D.; DÍAZ-LÓPEZ, A.; CABA-MACHADO, V. Parental mediation and the use of social networks: A systematic review. PLOS ONE, 2025. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0312011. Acesso em: 14 abr. 2025.

LIVINGSTONE, S.; ÓLAFSSON, K.; HELSPER, E. J. Maximizing opportunities and minimizing risks for children online: The role of digital skills in emerging strategies of parental mediation. Journal of Communication, v. 67, n. 1, 2017. Disponível em: https://academic.oup.com/joc/article-abstract/67/1/82/4082453. Acesso em: 14 abr. 2025.


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