Educar com Tecnologia: Caminhos para uma Integração Positiva

A tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das crianças, influenciando como elas aprendem, se comunicam e se divertem. Longe de ser apenas uma distração, os dispositivos digitais têm potencial para enriquecer o processo educativo — desde que usados com intencionalidade, equilíbrio e mediação. Educar com tecnologia é, portanto, uma escolha que exige atenção, planejamento e participação ativa dos pais e educadores.
Tecnologia na Educação: Potencial ou Distração?
Quando bem usada, a tecnologia pode ampliar horizontes e criar experiências de aprendizagem mais engajadoras. Plataformas interativas, jogos educativos, vídeos explicativos e aplicativos de leitura são apenas algumas das ferramentas que podem estimular a curiosidade e o desenvolvimento cognitivo infantil.
No entanto, como apontam Soyoof, Reynolds & Neumann (2024), o uso doméstico da tecnologia para fins educacionais requer orientação parental. Muitas crianças não exploram todo o potencial das ferramentas digitais porque não recebem apoio adequado para interpretar criticamente os conteúdos ou usá-los de forma produtiva.
Boa prática: Acompanhe o uso dos dispositivos durante atividades educativas e proponha pausas para discutir o que foi aprendido, reforçando os conteúdos com exemplos práticos.
Mediação Parental: A Chave para o Uso Saudável
A mediação parental é uma das estratégias mais eficazes para integrar a tecnologia de maneira positiva à vida das crianças. Isso inclui orientar, conversar, supervisionar e participar ativamente do uso digital em casa. Mais do que controlar, trata-se de construir juntos uma cultura digital saudável.
Adigwe, Mason & Gromik (2024) destacam a relação entre letramento digital dos pais e sua capacidade de mediar o uso de tecnologia pelos filhos. Famílias com maior familiaridade digital tendem a estabelecer regras mais claras e ambientes mais equilibrados para o aprendizado com tecnologia.
Boa prática: Crie regras conjuntas com seu filho sobre tempo de tela, tipos de conteúdo e momentos livres de dispositivos — como refeições e antes de dormir.
Alfabetização Digital Começa em Casa
Ensinar uma criança a usar a tecnologia de forma crítica e criativa é tão importante quanto ensiná-la a ler ou escrever. Alfabetização digital envolve saber buscar informações confiáveis, interpretar conteúdos online e desenvolver competências de segurança e cidadania digital.
Segundo Hani, Sonhaji & Anggraini (2020), programas de letramento digital voltados para os pais ajudam a aumentar sua autoconfiança na mediação tecnológica e promovem ambientes familiares mais seguros e educativos.
Boa prática: Envolva seu filho em atividades online que promovam criação, como editar vídeos simples, fazer pesquisas escolares juntos ou aprender programação básica com jogos.
Brincar com Tecnologia: Aprendizado Além da Tela
O uso de tecnologia na infância não precisa ser oposto ao brincar — ele pode ser parte da brincadeira. Jogos digitais bem selecionados, experiências interativas e até atividades com realidade aumentada podem complementar o repertório lúdico da criança e estimular a aprendizagem por meio da diversão.
No estudo de Mascheroni & Livingstone (2016), os autores analisam como o imaginário e as práticas dos pais moldam a forma como a criança aprende por meio das tecnologias. A forma como os adultos encaram os jogos digitais, por exemplo, influencia diretamente o valor educativo atribuído a essas experiências.
Boa prática: Explore jogos ou apps que desenvolvam lógica, linguagem ou criatividade. E mais importante: brinque junto com seu filho e converse sobre o que ele descobriu.
Tecnologia com Propósito: Pais como Curadores Digitais
Pais e educadores são os principais responsáveis por curar os conteúdos consumidos pelas crianças. Com tantas opções disponíveis, é fundamental filtrar o que realmente agrega valor — e isso só é possível com envolvimento ativo e atualização constante.
Terras & Ramsay (2016) analisam as práticas de letramento digital nas famílias e concluem que crianças obtêm maiores benefícios da tecnologia quando os pais participam das decisões sobre como, quando e para quê ela é usada.
Boa prática: Tenha uma “biblioteca digital” familiar com apps e sites aprovados, organizados por interesse ou faixa etária. Avalie e atualize os recursos periodicamente.
Conclusão
Integrar tecnologia e educação não é uma tarefa automática — exige intenção, equilíbrio e, principalmente, presença dos adultos no processo. Quando pais e educadores se tornam parceiros digitais das crianças, abrem espaço para que a tecnologia seja mais do que entretenimento: ela se torna ferramenta de descoberta, expressão e construção de saberes.
Educar com tecnologia é uma escolha consciente, que começa em casa, se fortalece com diálogo e se concretiza no cotidiano. Cabe a nós, adultos, mostrar o caminho para uma convivência positiva entre infância e mundo digital.
Referências (ABNT2)
SOYOOF, A.; REYNOLDS, B. L.; NEUMANN, M. The impact of parent mediation on young children’s home digital literacy practices and learning: A narrative review. Journal of Computer Assisted Learning, 2024. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jcal.12866. Acesso em: 14 abr. 2025.
ADIGWE, I.; MASON, J.; GROMIK, N. Investigating the relationship between socio-demographic variables of parents, digital literacy and parental mediation practices in the digital age: Nigeria in focus. Journal of Education Policy, 2024. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/20427530241232495. Acesso em: 14 abr. 2025.
HANI, U.; SONHAJI, S.; ANGGRAINI, C. N. Media digital literacy program in improving parental mediation efficacy with community nursing approach. Systematic Reviews in Pharmacy, v. 9, n. 2, 2020. Disponível em: https://sjik.org/index.php/sjik/article/download/522/411. Acesso em: 14 abr. 2025.
MASCHERONI, G.; LIVINGSTONE, S. How parents’ imaginaries, discourses and practices around ICTs shape children’s (digital) literacy. Rivista di Storia dell’Educazione, 2016. Disponível em: https://www.rivistadistoriadelleducazione.it/index.php/med/article/download/8762/8537. Acesso em: 14 abr. 2025.
TERRAS, M. M.; RAMSAY, J. Family digital literacy practices and children’s mobile phone use. Frontiers in Psychology, 2016. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2016.01957/pdf. Acesso em: 14 abr. 2025.
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