Além das Telas: Despertando a Imaginação das Crianças

Infantia Online Além das Telas: Despertando a Imaginação das Crianças

A infância é o território natural da imaginação. No entanto, o uso crescente de telas tem modificado as formas pelas quais as crianças brincam, criam e interagem com o mundo. Embora a tecnologia ofereça recursos interessantes, ela também pode limitar o espaço para a criatividade espontânea, especialmente quando substitui experiências sensoriais, brincadeiras simbólicas e o famoso “faz de conta”. Despertar a imaginação das crianças é, mais do que nunca, uma missão que começa além das telas.


Imaginação em Tempos de Tela: O Que Está em Jogo?

O excesso de tempo em frente a dispositivos pode reduzir o tempo disponível para atividades imaginativas autônomas. Crianças que dependem de estímulos prontos — como vídeos e jogos digitais altamente estruturados — podem desenvolver menor capacidade de inventar, narrar e representar.

Bukhalenkova & Almazova (2023) analisaram o impacto do “tempo de tela ativo” em crianças de 5 a 6 anos, observando que a imaginação tende a ser mais desenvolvida em contextos onde há mais interação física e menos tempo passivo diante de dispositivos.

Boa prática: Reserve momentos diários para brincadeiras sem telas, com objetos simples como caixas, tecidos ou massinhas que estimulem a criação livre.


Brincar de Faz de Conta: Um Exercício de Imaginação

As brincadeiras simbólicas, como montar cabanas, criar personagens ou inventar histórias com bonecos, estimulam áreas cognitivas ligadas à empatia, planejamento e expressão emocional. Esses momentos contribuem para o desenvolvimento integral da criança.

Richert, Choi & Gleason (2025) discutem como o uso intensivo de telas pode interferir na criatividade infantil, principalmente quando substitui o tempo que seria dedicado a jogos simbólicos e interações sociais reais.

Boa prática: Incentive seu filho a criar histórias e montar pequenas peças teatrais em casa com irmãos, amigos ou mesmo com a família como plateia.


Quando a Tela Pode Ser Criativa (e Quando Não É)

Nem toda interação digital é passiva. Aplicativos de desenho, animação ou composição musical, por exemplo, podem estimular a criatividade. No entanto, o problema está no excesso de consumo de conteúdos prontos, que deixam pouco espaço para invenção.

Livingstone & Pothong (2022) discutem os limites e possibilidades do brincar criativo em ambientes digitais, apontando que o design de plataformas deve considerar a autonomia da criança na criação, e não apenas o consumo.

Boa prática: Escolha jogos e apps que estimulem a criação ativa — como construção de mundos, composição de músicas ou ilustração — e participe junto com a criança dessas descobertas.


Desconectar para Imaginar: O Valor do Tédio Criativo

Estar entediado não é um problema — é um convite à criatividade. Quando a criança não está ocupada com uma tela ou atividade dirigida, ela é naturalmente levada a inventar, explorar e experimentar novos jogos e histórias.

Singer & Singer (2008) evidenciam que brincadeiras simuladas e improvisadas ajudam a desenvolver funções cognitivas superiores, como linguagem e memória, sendo prejudicadas quando há excesso de estímulo visual digital.

Boa prática: Evite preencher todos os momentos do dia com atividades dirigidas. Dê tempo livre à criança para que ela possa criar suas próprias brincadeiras — sem distrações digitais por perto.


Imaginação na Prática: O Papel da Família na Criação de Espaços Criativos

Pais e educadores têm papel fundamental na criação de um ambiente que favoreça a imaginação. Isso inclui não apenas reduzir o tempo de tela, mas também disponibilizar materiais variados, contar histórias e promover momentos de invenção coletiva.

McClure (2018) defende que ambientes ricos em estética, objetos sensoriais e liberdade de exploração — digitais ou não — são fundamentais para o desenvolvimento criativo da criança.

Boa prática: Crie um “canto da invenção” em casa com papéis, tintas, sucata e fantasias para que a criança tenha acesso facilitado a materiais que estimulem sua criatividade.


Conclusão

Despertar a imaginação infantil não é apenas afastar a criança da tela — é aproximá-la de si mesma, do outro e do mundo real. É dar espaço para que ela invente, descubra e se expresse de maneira autêntica. Em tempos digitais, a criatividade se torna ainda mais preciosa — e mais necessária.

Com equilíbrio, diálogo e presença, é possível criar uma infância onde tecnologia e imaginação convivem — mas onde a última sempre tem o primeiro lugar.


Referências (ABNT2)

BUKHALENKOVA, D.; ALMAZOVA, O. Active screen time and imagination in 5–6-years-old children. Frontiers in Psychology, 2023. Disponível em: https://app.scholarai.io/paper?paper_id=DOI:10.3389/fpsyg.2023.1197540. Acesso em: 14 abr. 2025.

RICHERT, R. A.; CHOI, K.; GLEASON, T. R. Imagination, Creativity, and Play. In: The Digital Child: Teaching and Learning in the Age of Screens, 2025. Disponível em: https://library.oapen.org/bitstream/handle/20.500.12657/96085/1/9783031693625.pdf#page=80. Acesso em: 14 abr. 2025.

LIVINGSTONE, S.; POTHONG, K. Imaginative play in digital environments: designing social and creative opportunities for identity formation. Information, Communication & Society, 2022. Disponível em: https://app.scholarai.io/paper?paper_id=DOI:10.1080/1369118X.2022.2046128. Acesso em: 14 abr. 2025.

SINGER, D. G.; SINGER, J. L. Make‐believe play, imagination, and creativity: Links to children’s media exposure. In: Handbook of Children and Media, 2008. Disponível em: https://app.scholarai.io/paper?paper_id=DOI:10.1002/9781444302752#page=309. Acesso em: 14 abr. 2025.

McCLURE, M. Beyond screen time: Aesthetics of digital playscapes for young children. In: Digital Childhoods: Technologies and Children’s Everyday Lives, 2018. Disponível em: https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-319-70644-3_10. Acesso em: 14 abr. 2025.


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