Bem-Estar Digital: Promovendo o Uso Saudável da Tecnologia na Infância

Infantia Online Bem-Estar Digital: Promovendo o Uso Saudável da Tecnologia na Infância

A infância contemporânea é vivida entre telas. Smartphones, tablets e TVs inteligentes passaram a fazer parte da vida de crianças desde os primeiros anos, moldando hábitos, rotinas e até formas de se relacionar com o mundo. Embora a tecnologia ofereça inúmeras oportunidades de aprendizado e lazer, seu uso excessivo e não supervisionado pode trazer prejuízos ao desenvolvimento infantil. Por isso, o conceito de bem-estar digital surge como uma necessidade urgente: promover um equilíbrio entre o mundo online e offline, preservando a saúde física, mental e emocional das crianças.


O Que é Bem-Estar Digital na Infância?

Bem-estar digital diz respeito à forma como crianças interagem com a tecnologia de maneira saudável, consciente e segura. Isso envolve o uso da internet e dispositivos digitais de forma equilibrada, sem prejudicar o sono, as atividades físicas, os vínculos sociais e o desempenho escolar. Promover esse bem-estar depende de uma atuação conjunta entre pais, educadores e sociedade.

Segundo Benedetto & Ingrassia (2021), a parentalidade digital deve focar não apenas no controle do tempo de tela, mas em promover experiências tecnológicas que respeitem o ritmo de desenvolvimento das crianças, com estímulos adequados, limites claros e acompanhamento ativo.

Boa prática: Estabeleça uma “rotina digital” na casa, com horários definidos para o uso de telas e tempo reservado para atividades ao ar livre ou interações familiares.


Compreensão e Diálogo: As Bases para um Uso Saudável

A tecnologia muda em velocidade acelerada. Para os pais, acompanhar o universo digital das crianças exige curiosidade e disposição para o diálogo. Entender os aplicativos que elas usam, os vídeos que assistem ou os jogos que preferem é essencial para criar uma conexão genuína e poder orientá-las com mais empatia e conhecimento.

Estudo de Harris & Jacobs (2023) mostra que conselhos parentais sobre o uso da internet e redes sociais são mais bem recebidos quando feitos com base na escuta ativa e adaptados ao contexto familiar. Crianças tendem a aderir mais a limites quando compreendem o “porquê” por trás das regras.

Boa prática: Reserve um momento semanal para conversar com seu filho sobre o que ele tem feito online — e esteja disposto a ouvir com atenção real, sem julgamentos imediatos.


Orientação Ativa: Muito Além do Controle

Embora o controle parental continue sendo uma ferramenta válida, o que realmente transforma a relação das crianças com a tecnologia é a mediação ativa. Isso significa envolver-se nas experiências digitais dos filhos, participar do que eles consomem, propor conteúdos alternativos e, principalmente, dialogar sobre o que veem e sentem.

A revisão feita por Banić & Orehovački (2024) destaca que estratégias de mediação baseadas em diálogo e co-uso têm impactos mais positivos do que abordagens exclusivamente restritivas. Quando os pais participam, as crianças desenvolvem senso crítico e capacidade de autorregulação.

Boa prática: Assista junto com seu filho aos vídeos ou jogos favoritos dele e aproveite para conversar sobre o conteúdo, promovendo uma análise crítica das mensagens transmitidas.


Prevenindo Excesso e Riscos com Educação e Confiança

Entre os principais desafios para o bem-estar digital estão o uso excessivo de telas, a exposição a conteúdos inadequados e os riscos de segurança online. A melhor forma de prevenção é a educação constante, baseada em confiança, diálogo aberto e um ambiente familiar onde a criança se sinta segura para relatar o que vê ou experimenta na internet.

No estudo de Yusuf et al. (2020), os autores mostram que crianças orientadas de forma próxima pelos pais apresentam maior consciência dos perigos digitais e menor propensão a conteúdos inadequados.

Boa prática: Converse sobre segurança digital com seu filho desde cedo, explicando de forma simples o que é privacidade, senhas e como identificar situações suspeitas.


O Poder do Exemplo: Pais Também Devem Se Desconectar

Crianças aprendem observando. Se veem os pais constantemente vidrados no celular, vão entender que isso é o padrão esperado. Por outro lado, quando os adultos demonstram equilíbrio no uso da tecnologia, valorizando momentos offline e priorizando a presença nos vínculos familiares, isso se torna uma poderosa lição prática sobre bem-estar digital.

Essa dinâmica é discutida por Nelissen & Van den Bulck (2018), que exploram como os filhos, muitas vezes, orientam os pais no uso das mídias — evidenciando que o exemplo e a troca entre gerações são centrais nesse processo.

Boa prática: Proponha um “desafio em família” de um final de semana sem telas e aproveite para redescobrir jogos de tabuleiro, passeios ou receitas juntos.


Conclusão

Promover o bem-estar digital é um compromisso contínuo que exige presença, afeto e diálogo. Ao invés de demonizar a tecnologia, o papel dos pais é ajudar as crianças a usarem-na com propósito, responsabilidade e consciência. Isso não só previne riscos, como fortalece os vínculos familiares e prepara os pequenos para um futuro mais equilibrado em meio ao universo digital.

A infância é curta, mas os impactos das experiências digitais podem durar a vida inteira. Por isso, investir em bem-estar digital é investir no desenvolvimento integral de nossos filhos — para que cresçam conectados, sim, mas acima de tudo, saudáveis e felizes.


Referências (ABNT2)

BENDETTO, L.; INGRASSIA, M. Digital Parenting: Raising and Protecting Children in Media. London: IntechOpen, 2021. Disponível em: https://books.google.com/books?hl=en&lr=&id=oJUtEAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA127. Acesso em: 14 abr. 2025.

HARRIS, L. E.; JACOBS, J. A. Digital parenting advice: Online guidance regarding children’s use of the Internet and social media. Family Relations, 2023. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/fare.12813. Acesso em: 14 abr. 2025.

BANIĆ, L.; OREHOVAČKI, T. A comparison of parenting strategies in a digital environment: A systematic literature review. Multimodal Technologies and Interaction, v. 8, n. 4, 2024. Disponível em: https://www.mdpi.com/2414-4088/8/4/32. Acesso em: 14 abr. 2025.

YUSUF, M.; WITRO, D.; DIANA, R. Digital parenting to children using the internet. Palopo International Journal of Islamic Education Studies, v. 3, n. 1, 2020. Disponível em: http://ejournal.iainpalopo.ac.id/index.php/PiJIES/article/view/1277. Acesso em: 14 abr. 2025.

NELISSEN, S.; VAN DEN BULCK, J. When digital natives instruct digital immigrants: Active guidance of parental media use by children and conflict in the family. Information, Communication & Society, v. 21, n. 3, p. 375–387, 2018. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1369118X.2017.1281993. Acesso em: 14 abr. 2025.


Este post reflete as visões automatizadas de referências dos autores e não representa a posição do blog Infantia, nem de seus idealizadores.

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